13 de novembro de 2012

Resenhas



Resenhas do Livro Fúria Lupina - América Central







19 de agosto de 2012

Sarau Fantástico - Lobisomem em 25/08 (SP)




Anotem o dia: 25 de Agosto (último sábado do mês)

Anotem o local: Biblioteca Viriato Corrêa - Rua Sena Madureira, 298 (Vila Mariana, São Paulo)

Anotem o horário: das 16:30 às 19:30h


O que vai rolar:


Sarau Fantástico
Um espaço para discussão sobre a produção do fantástico brasileiro. A iniciativa pretende ampliar as informações, repercutir as ideias, enriquecer o debate e incentivar o estudo sobre este gênero para todos os leitores, escritores e editoras que publicam livros do gênero em língua portuguesa. 
Organizado por Silvio Alexandre, criador do Fantasticon


Sarau Fantástico de Agosto: Lobisomem
Em agosto, o mês do Folclore, teremos um bate-papo sobre um personagem muito conhecido da literatura fantástica: "Lobisomem: as origens do mito. Folclore ou ciência?", com as escritoras Rosana Rios e Helena Gomes, autoras do livro "Sangue de Lobo" (DCL). 
A lenda do lobisomem tem origem na Europa do século XVI, embora traços desta lenda apareçam na Grécia Antiga. Do continente europeu, espalhou-se por várias regiões do mundo. Chegou ao Brasil através dos portugueses que colonizaram nosso país, a partir do século XVI. Este personagem possui um corpo misturando traços de ser humano e lobo. De acordo com a lenda, um homem foi mordido por um lobo em noite de lua cheia. A partir deste momento, passou a transforma-se em lobisomem em todas as noites em que a Lua apresenta-se nesta fase. Caso o lobisomem morda outra pessoa, a vítima passará pelo mesmo feitiço.


Tarde de Autógrafos de Fúria Lupina
Haverá sessão de autógrafos dos livros Fúria Lupina Brasil (vendido durante o evento a R$15,00) e Fúria Lupina América Central (R$30,00). Vale lembrar que a compra dos exemplares no Sarau Fantástico de lobisomens somente será feita em dinheiro. Haverá quiz com distribuição de brindes Fúria Lupina entre os presentes. 



Show Musical
Além disso, o Sarau terá músicas e canções sobre lobisomens com o músico e escritor César Marques ao violão.



Vejo vocês lá!



10 de julho de 2012

Lançamento de Fúria Lupina América Central na Bienal de SP






7 de julho de 2012

Fúria Lupina América Central - Degustação 3


Nota: este é um capítulo de degustação do livro "Fúria Lupina - América Central" (2012). Para ler outros capítulos, CLIQUE AQUI.





Comunicado da Alcateia Global ao Agente Especial Casillas

Este documento tem a finalidade de expor as premissas da missão de resgate a se desenvolver em terras da América Central, com início nos primeiros dias do ano de 2010:


1) Objetivo principal

– Resgatar a criança chamada Nazaré, sequestrada na Amazônia brasileira no final do ano passado; o autor do crime é a ômega chamada Monica Chavez, membro de uma família criminosa que domina o submundo da América Central; 

– Fênix, fêmea alfa aniquiladora, participará das ações por ordem direta de Bjornson, presidente da organização e também pai dessa agente; teve contato direto com a criança por alguns meses e chegou a entrar em confronto verbal com a sequestradora;

– Dante, macho alfa farejador, fará parte do grupo como treineiro; há suspeitas de que seja um novo totem-vivo; as ações da missão servirão como catalisadores de suas novas habilidades especiais;

– A agente Caroline comandará o serviço de comunicação e inteligência da base no Brasil, apesar de sua recuperação da ação violenta na Amazônia, que a deixou impossibilitada de enxergar; este membro será responsável por receber todos os reportes de atualização da missão e também por guiar o grupo de ataque em pontos de ação; encontra-se atualmente bem adaptada a essa nova condição, tendo suporte de ferramentas tecnológicas que a auxiliam na operação do computador. 



2) Pontos de atenção

– Território: totalmente hostil, com homens-lobo voltados a práticas criminosas e pouca comunicação com alcateias externas (consultar fichas individuais dos irmãos Chavez, comandantes de diversos países dentro do subcontinente);

– Nazaré: criança autista com dificuldades na comunicação verbal com outrem; humana comum com habilidades mentais de peeira, tem facilidade na comunicação não verbal com lobos e cães; possui alta capacidade de comunicação telepática com homens-lobo;

– Monica Chavez: telepata com habilidades apuradas de localização e comunicação; foi entregue a dois caçadores estadunidenses como moeda de troca quando da tentativa destes em adentrar território dos Chavez, após amplo extermínio de homens-lobo em Cuba; essa ação afastou os atacantes da América Central, conduzindo-os diretamente ao Brasil, onde acabaram mortos por agentes da Alcateia Global, auxiliados por forças locais; ao se ver livre de seus captores, Monica utilizou Nazaré – criança com fortes vínculos sentimentais com a agente Fênix – como escudo humano para sua fuga da Amazônia brasileira, último lugar de onde há notícias de seu paradeiro; tudo leva a crer que a ômega retornou ao seu local de origem por ainda ter aliados lá;

– Fênix: muita cautela é necessária na condução das ações desta agente, dado o alto grau de envolvimento sentimental com o objeto da missão; está presente nas ações somente por ordens extraoficiais, o que demanda maior rigidez na sua condução, visto que não tem o perfil mais adequado às incursões em território hostil; apresenta quadro agressivo acima do normal, equiparando-se à fêmea em defesa da cria; é altamente aconselhável canalizar tal agressividade em ações que exijam mais força e menos estratégia;

– Dante: o brasileiro é um aleatório – não vem de família de homens-lobo – e ainda não está totalmente seguro de seus dons; a suspeita de que seja um totem-vivo apresenta-se como argumento para colocá-lo como participante em missão tão arriscada a despeito do indivíduo ser um agente novato; é recomendável evitar abordagens demasiadamente didáticas, deixando-o entregue ao autoaprendizado de poderes que virão nos momentos mais extremos da investida em território hostil;

– Agentes ômega: dada a alta taxa de mortalidade de nossos agentes infiltrados na América Central, há suspeitas de traição por parte do efetivo da organização; até segunda ordem, nenhum agente de campo já inserido na região deve receber informações sobre esta investida; 

– Autoridades locais: o poder dos Chavez não está somente na força bruta; corrupção e manipulação de forças policiais e políticas de seu território também fazem parte dos planos de manutenção do seu império criminoso; por conta desse cenário, não podemos contar com apoio de aliados exteriores à Alcateia Global no andamento da missão.



3) Opções de abordagem

– Primária: atuar através de ações investigativas, com o intuito de descobrir o paradeiro de Nazaré; a prioridade é trazer a criança para território aliado da Alcateia Global, com o mínimo de danos à integridade física e mental desta; as primeiras ações devem ser baseadas em entrevistas com agentes da inteligência locados em territórios menos hostis, como Porto Rico e Haiti; apesar de remota, há a possibilidade de Monica estar atuando sozinha, sem ajuda dos irmãos;

– Alternativa 1: caso as abordagens investigativas não sejam suficientes para se chegar à criança, deve-se adotar ações de inteligência e contra-informação para desestabilizar os chefes do submundo da América Central, de modo a facilitar as ações dos agentes de campo, deixando-os mais livres para agir; Caroline já estuda alternativas que façam os criminosos lutar entre si, através de enfraquecimento de acordos e boatos sobre traições;

– Alternativa 2: se os cenários anteriores não fornecerem os elementos essenciais à conclusão da missão, será necessária a investida direta à família Chavez; havendo essa possibilidade, espera-se que as tentativas anteriores ajudem no que diz respeito a enfraquecer os oponentes e conhecer melhor seus pontos fracos; a integridade física dos agentes de campo neste cenário corre sério risco, visto que o efetivo é reduzido e os inimigos têm grande poder.



4) Meios de comunicação

– Utilização de notebooks e smartphones equipados com ferramentas de criptografia e esteganografia homologados pela Alcateia Global;

– Troca de informações através de arquivos criptografados e inseridos em imagens, anexados em e-mails cujas contas serão alteradas semanalmente em servidores rotativos, conforme regras da tabela do Anexo 1 deste documento;

– As informações de acesso a provedores de internet dos países da ação estão no Anexo 2 deste documento;

– Toda a retirada ou entrega de equipamento será feita através de lugares seguros denominados “postos de acesso”, espalhados pelo território da ação e identificados por números de 01 a 32 (consulte lista de postos de acesso no Anexo 1 deste documento);

– Conversas telefônicas de emergência devem ser curtas e codificadas.




Série Fúria Lupina - Capítulos de Degustação

FÚRIA LUPINA - BRASIL (2010)
- Dor e Sangue
- Surge Um Caçador
- Chegada Conturbada
- A Reunião
- Experiências Sádicas
- Um Diálogo Inquietante
- Pilares da Sabedoria
- Peles Sobre o Mar


FÚRIA LUPINA - AMÉRICA CENTRAL (2012)
No Rastro do Terrível "El Lobo"
Sexo Predatório
Comunicado da Alcateia Global ao Agente Especial Casillas



Fúria Lupina América Central - Degustação 2


Nota: este é um capítulo de degustação do livro "Fúria Lupina - América Central" (2012). Para ler outros capítulos, CLIQUE AQUI.






Sexo Predatório

Cícero chegou ao prostíbulo no início da noite, horário de pouco movimento. Homem robusto e rude, logo chamou a atenção dos presentes: dois seguranças, cinco prostitutas e o barman. Ele não gostava de ser percebido nos lugares aonde ia. Preferia viver no anonimato, como uma sombra.

Algumas vezes, porém, seus instintos falavam mais alto e ele precisava sair para caçar. Esta noite pretendia achar seu objeto de prazer no local de quinta categoria no centro da capital da Guatemala, um buraco de rato com letreiro de neon. Sweet Little Sixteen era o nome. Escolheu uma mesa do canto, onde poderia se acomodar com as costas contra a parede, tendo uma visão completa do lugar.

O salão de quarenta metros quadrados, banhado de luz vermelha e música alta, agredia seus sentidos, mas ele não se importava. Pediu uma cerveja barata e analisou as fêmeas que por ali desfilavam. 

Uma garota de no máximo dezenove anos, com um vestido muito curto e apertado, veio conversar com ele. Ficou enjoado com o cheiro do perfume vagabundo e com seu hálito desagradável, um misto de cigarro, chiclete velho e fluidos masculinos. Dispensou-a rapidamente, dizendo não ser o seu tipo, magra demais para o seu gosto.

Mais um gole na cerveja, mais uma sequência de músicas ruins. Uma veterana veio tentar fisgá-lo, com seu top denunciando a presença de uma barriga protuberante e flácida, aliado a um short tão apertado que parecia prestes a explodir. Pernas repletas de varizes moviam-se em passos compassados, uma tentativa de sensualidade que somente conseguiu agredir mais ainda a visão de Cícero, expondo quilos a mais a escapar por entre roupas demasiadamente curtas para aquela forma física.

– E aí, grandão, vamo dá uma brincadinha hoje? – disse ela, puxando uma cadeira para perto do homem.

– Por enquanto eu tô só tomando uma cerveja – ele tentou não deixar transparecer o desgosto na sua voz.

– Ah, que é isso. Deixa eu te mostrar do que sou capaz – ela começou a alisar a coxa do cliente.

"Você é que não vai gostar de saber do que eu sou capaz", pensou ele, tentando afastar a perna. "Além disso, não vou de carne de segunda hoje". Ela agarrou repentinamente seu pênis por cima da calça jeans e Cícero pulou como um boneco de mola.

– Preciso mijar – foi apressado ao banheiro.

O cheiro era terrível. Tinha como opção um vaso sanitário imundo e entupido ou um mictório envolto por uma lagoa de urina com bitucas de cigarro boiando. Decidiu despejar a bexiga na pia mesmo, achando engraçada a cena no espelho trincado. Fechou a calça e ajustou o cinto. Tirou um dos sapatos e retirou um papelote de cocaína de dentro dele. Consumiu a droga meio sem jeito, com o pó na palma da mão, por não ter uma única superfície plana e seca disponível. Sentindo-se um pouco melhor, voltou para a mesa.

A velha meretriz que o atacou já lançava seus tentáculos hediondos sobre um moleque, integrante de um grupinho com outros três da mesma idade. Eles dançavam com as prostitutas do lugar em uma área com luzes piscantes próxima ao bar, que os donos tentaram conceber como uma pista de dança.

Cícero pensou consigo se aguentaria mais um pouco com a dose de "incentivo extra" consumida. Tinha esperança de ver outras funcionárias chegarem para o trabalho mais tarde. Precisava muito de uma fêmea grande e forte para com ela cometer algumas maldades. Depois disso, poderia seguir seu caminho.

Após duas cervejas, o grandalhão amaldiçoava sua falta de sorte. As mulheres eram horríveis, a bebida estava quente, novos clientes chegavam a todo o momento. Ambiente pouco propício para sua ação. Decidiu caçar em outro lugar, lamentando a má escolha do lugar.

Pagou a conta e saiu para a rua, sentindo o cheiro do gás expelido pelos escapamentos dos carros. A cacofonia de conversas, buzinas e motores o incomodava. Saiu da avenida e pegou uma ruela lateral, instintivamente buscando um lugar para achar a mulher que desejava.

Andou dois quarteirões até começar a ver profissionais das ruas, mulheres mais apresentáveis do que as do Sweet Little Sixteen. Diminuiu o passo e começou a analisar com mais calma cada uma, conforme ia passando por elas. Olhos de predador perscrutavam corpos femininos com roupas provocantes e anos de experiência na arte do meretrício.

A loura meio rechonchuda fumava, e o cheiro de cigarro sempre atrapalhou seus atos. A de cabelo tingido de vermelho berrante tinha marcas de picada de agulha nos braços, e de drogado bastava ele. A negra era magra demais, ele não apreciava esse tipo de compleição física. E assim seguiu na análise, um carnívoro voraz a examinar pedaços de carne expostos em um grande açougue a céu aberto.

Vindo do interior de um hotel e recostando-se na porta, uma mulher acabou chamando sua atenção, em primeiro lugar por ser a única a não tentar fisgá-lo como um marlim-azul. Parecia estar beirando os quarenta, mas tinha um corpo fenomenal e seu rosto, se não era belo, ao menos era agradável. Era outro nível de fêmea, dava para ver só pelo olhar.

– Oi, você tá disponível prum programa? – disse Cícero, parando ao lado dela.

– Olá, querido estrangeiro – ela chegou bem perto e quase tocou seu nariz no dele. Estava praticamente da altura do homem, por causa dos grandes saltos de seus sapatos. – Esse sotaque é do Brasil?

– Sem beijo, faz favor – afastou-se um pouco, passando as costas da mão sob o nariz. A droga de má qualidade já havia perdido o efeito. – Meu passado não interessa. O que importa é o presente, e agora quero um programa com você.

– Com certeza. Sou um pouco cara, mas verá que vale a pena. Você é exatamente o meu tipo, sabia?

– Porra, então faz de graça pra mim.

– Ai, amor... – ela riu. – Não posso, eu vivo disso. Você não quer me ver magra e fraquinha, quer?

– De jeito nenhum. Eu pago o seu preço. Só que o negócio é o seguinte: gosto de coisa intensa. Quero ir prum lugar onde ninguém venha bater na porta do quarto pra perguntar o que tá acontecendo. Também não gosto de altura, então o quarto tem que ficar no térreo ou no máximo primeiro andar – ele sempre imaginou todas as possibilidades, e não abria mão de ter pontos de fuga acessíveis.

– Uau, quantas exigências – ela tinha um ar descontraído. – Uma noite com você deve ser inesquecível. Isso me lembrou uma piada – apesar dele mostrar-se contrariado com o rumo da conversa, ela prosseguiu. – Um cara foi a um prostíbulo e abordou uma puta, oferecendo o equivalente a dez vezes o valor do programa, mas avisando que gostava de bater. A garota, seduzida pela quantia, foi até uma colega que tinha saído com o mesmo cara na semana anterior. "Ele bate muito?", perguntou. "Não", respondeu a amiga, "só até você devolver o dinheiro dele" – e riu da própria piada.

– Vamos ou não? – desconversou o homem, ainda sério.

– Claro, meu anjo. Neste hotel mesmo tem tudo o que você precisa.

Valores foram negociados – ela cobrou extra pela "intensidade" pretendida por ele – e os dois entraram no Hotel Maybelline.


***

"Nossa, que mulher apetitosa!", pensava Cícero, deitado na cama de casal que rangia levemente a qualquer movimento. "Não vou conseguir segurar a onda por muito tempo." Ela acabava de tirar suas meias, últimas peças de vestuário sobre o corpo do homem.

Com uma ereção sólida e dolorida, observava a mulher a ziguezaguear ao pé da cama, também ela livrando-se das suas roupas. A pele morena era perfeita, sem cicatrizes, estrias ou veias à mostra. Cabelos longos cacheados acariciavam costas e ombros de maneira suave. Pernas bem torneadas ostentavam em uma extremidade lindos pés com unhas pintadas de vermelho, e na outra uniam-se a um quadril largo, perfeitamente redondo, que ia afunilando-se até chegar à cintura finíssima. Seios rijos, grandes e belos apontavam seus mamilos negros para o macho hipnotizado. E o olhar? Aquele olhar meio de soslaio, transbordando luxúria, fazia o predador quase desistir de cometer maldades com a mulher. Porém, essa incerteza durou apenas alguns segundos.

– Estou prontinha, querido. Quer usar o afrodisíaco antes da gente começar? – ela apontava para o papelote de cocaína tirado por ele do sapato, repousado sobre o criado mudo.

– Você já é um afrodisíaco e tanto. Olha só como eu já tô – sentou-se na cama e segurou o próprio pênis.

– Ah, mas se você curte um estímulo a mais, tem que usar também. Quero te ver aproveitando ao máximo esta noite comigo.

– Porra, cê tá brincando com fogo, mas tudo bem. Vou dar uma cheirada nisso aqui. Cê pode ir tomando um banho rápido enquanto isso – ele odiava cheiro de suor.

– Tá bom. 

Ela entrou no banheiro e encostou a porta. Cícero preparou duas carreiras de cocaína sobre o criado mudo, ajeitando-as com um cartão de crédito roubado. Pegou a nota de dinheiro mais nova que tinha no bolso e fez um canudo com ela. Uma narina aspirou a primeira fileira de pó, seu cérebro estalou. Outra narina entrou em ação, seu coração disparou. 

Estava pronto para a ação. Pretendia, em primeiro lugar, transar loucamente com aquele monumento feminino, aliviar a tensão logo de cara. Depois, seria possível explorar aquele corpo da maneira que mais apreciava. Tentaria deixar o rosto intacto, em homenagem à beleza dela.

Finalmente, depois de tanto tempo fugindo das autoridades em meio à clandestinidade de países desconhecidos, sobrou tempo para dar uma relaxada e extravasar. Precisava muito disso, estava a ponto de explodir.

– Gata, cê vai ter uma trepada inesquecível hoje – disse ele, com uma voz rouca, pouco mais alta que um sussurro.

Caminhou lentamente até o banheiro, olhos vidrados, cabeça pulsando como um tambor, respiração ofegante. Mais uma vítima para o seu terrível currículo. Seu corpo inteiro doía, a ansiedade o dominava. Hora da ação!

Um filete de vapor escapou do banheiro quando a porta foi aberta lentamente pelo assassino ensandecido. Ele enxergava tudo em tons vibrantes, sua mente racional havia sido deixada para trás. Restou somente o predador, pronto para cometer atrocidades indizíveis com a mulher. Apenas uma cortina de plástico o separava da prostituta. A única coisa audível era o cair da água do chuveiro sobre o chão do banheiro. Passos silenciosos o deixaram próximo do local da carnificina. Alucinado, sentia sua cabeça quase tocando o teto, invencível, impune. Músculos poderosos se preparavam para o ataque.

A cortina foi afastada para o lado por uma mão inumana, com garras afiadíssimas e pelos acinzentados a cobrir o local onde, há poucos segundos, havia apenas pele humana. Em seus últimos instantes de vida, a vítima conseguiu ver em detalhes a palma negra, com uma espécie de superfície acolchoada repleta de rugas e calos, cada vez mais próxima de seus olhos. 

Garras poderosas se fixaram dolorosamente sobre o rosto congelado em uma máscara de pavor, trazendo a presa para perto dos dentes mortíferos que facilmente dilaceraram o pescoço.

Sangue e água se misturaram em um insano gotejar sobre o chão de ladrilhos velhos. O licantropo segurou pelos braços a vítima espasmódica e agonizante, conduzindo-a para o quarto. Uma trilha macabra de sangue diluído em água marcou esse deslocamento. Sobre a cama, o tórax humano foi aberto com facilidade pela fera, como se fosse papel de presente rasgado por uma criança ansiosa na manhã de Natal. Mas, em vez de um brinquedo, o prêmio revelado foi um coração em inútil tentativa de prosseguir com sua pulsação vital.

A criatura fechou vagarosamente seus dedos sobre o órgão, apreciando seus últimos instantes de movimento. Repentinamente, arrancou-o e o levou à bocarra. Com imenso prazer, sentiu o coração explodir sob a força de suas presas, espalhando um gosto singular de sangue e fibras, uma textura lisa, rígida.

A fera ainda ficou alguns minutos sobre o cadáver, lambendo prazerosamente todo o sangue que se apresentava em profusão. Sangue delicioso, com um conteúdo alucinante. Saciada a sede macabra, era hora de sair dali. Não era bom demorar muito. Dores intensas e uma horrível sensação de encolher marcaram a transição da forma lupina para a humana. Tomar banho, vestir as roupas, olhar no espelho se algum detalhe denunciava seus atos. Olhos arregalados, efeito da cocaína. Tudo perfeito. Antes de sair, uma última olhada no corpo dilacerado e uma ligação telefônica.

– Pablo, mande a equipe de limpeza para o quarto treze, por favor – falou Maria, com a naturalidade de quem pede toalhas limpas. – Providencie remoção completa de tapetes, jogo de cama e colchão. Pelo menos uma semana de interdição do quarto.

Saiu do hotel, uma de suas muitas propriedades, e entrou no carro com motorista. Já podia mudar de cenário.


***

Um homem extasiado descansava sobre a cama king size, em uma das diversas suítes do prostíbulo de luxo. Era um empresário chileno velho, obeso e cheio de dinheiro, em uma viagem de negócios pelo país. Somente pessoas com esse perfil financeiro são capazes de ter a honra de contratar os serviços de Nadine, a imperatriz do prazer na Guatemala.

Ele nunca pensou que uma mulher poderia proporcionar tantas sensações prazerosas a um homem como ela fez. Foi intenso, incomum, insano. E que corpo! Nunca se esqueceria daqueles momentos.

Mal sabia ele que, uma hora antes dela escolhê-lo como o privilegiado que a possuiria naquela noite – mesmo tendo de pagar uma pequena fortuna por isso – ela havia rasgado um homem robusto como se fosse feito de papel. A mão forte que dominava um império, ora dilacerando carne humana com garras lupinas, ora acariciando corpos suados e sedentos de prazer com pele de veludo. Um caminhar no fio da navalha que resume muito bem o que era a vida de Maria Chavez.



Fúria Lupina América Central - Degustação 1


Nota: este é um capítulo de degustação do livro "Fúria Lupina - América Central" (2012). Para ler outros capítulos, CLIQUE AQUI.






No Rastro do Terrível "El Lobo"
Postado em 01 de janeiro de 2010 por dr-glendon


Olá, leitores do blog!

Hoje iniciaremos uma excitante caça ao lobisomem. Isso mesmo, você leu corretamente! Meu nome real não vem ao caso, mas pode me chamar de Dr. Glendon – adoro esse personagem (na dúvida, dê uma pesquisadinha no Google, o novo deus do século XXI). Eu sou um cara normal, nascido no México, que levava uma vidinha bem comum, até uma cadeia de acontecimentos me colocar em uma aventura investigativa que renderá muitos posts neste blog, depois um excelente livro e, quem sabe, até um filme de Hollywood! Se rolar mesmo, quero ser interpretado pelo Danny Trejo, mesmo ele sendo mais velho que eu. Ele é o meu herói! Assista Machete e entenderá o que digo. Ah, a trilha sonora pode ser do Howling Wolf.

Voltando ao material deste futuro filme... No ano passado aconteceram no México dois crimes que chocaram a sociedade e que somente foram veiculados em jornais sensacionalistas, daqueles que você torce e pinga sangue. Um maníaco estuprou e desfigurou duas mulheres de modo irracional. O estado no qual foram encontradas era tão lastimável que acharam que o indivíduo usava um cachorro para atacar as vítimas, um pitbull ou algo do gênero.

As duas foram encontradas com vida, mas acabaram morrendo no hospital. Uma permaneceu inconsciente todo o tempo e morreu uma semana depois do ataque. A outra estava consciente nas horas de vida que teve depois da violência sofrida. Fui atrás dessa aí, porque tinha bons motivos para isso (não citarei por ora, mas confie em mim, tenho minhas razões!) e consegui ter uma conversa rápida com ela, após molhar a mão de um segurança e de um enfermeiro. Mesmo em estado de choque, ela conseguiu relatar o horror que sofreu. Por baixo de muita bandagem, curativo e gesso, pude ver em seus olhos arregalados a expressão máxima do medo.

Entre soluços e frases sem sentido, consegui extrair uma informação importante. Ela afirmava ter sido atacada por um lobisomem! Só foi uma pena a conversa ter sido tão curta, porque logo ela surtou e eu tive que ir embora.

Ao saber disso, tomei uma decisão radical. Ia largar meu trabalho na loja de veículos do meu tio e ir atrás desse cara que a mulher chamou de El Lobo. Eu tenho algumas economias que guardei para viajar pela Europa nas minhas próximas férias e, com elas, vou seguir o rastro desse maníaco.

Você deve estar duvidando da minha história, achando muito inverossímil um carinha largar sua vida tranquila para sair à caça de um bicho que nem existe. Espere um pouco antes de me julgar, amigo! Ainda não contei tudo o que precisava para convencê-lo. 

Em primeiro lugar, sou jornalista formado, mas o mais perto que cheguei de exercer essa profissão foi um estágio em um jornaleco do meu bairro, em uma função que era praticamente arranjar anunciantes entre os comerciantes locais. Um trabalhinho de merda, com o perdão da palavra. Depois de três meses, desisti do jornalismo e fui trabalhar com o meu tio. Apesar de ganhar bem no meu emprego atual, sempre ficou aquela vontade de ser repórter investigativo.

E foi essa inclinação à investigação que me levou a fazer algumas perguntas em algumas bocas quentes da periferia (prefiro não citar as cidades). Cinco corridas e três surras depois, fiquei sabendo que o tal do El Lobo existia mesmo, e era bem conhecido no submundo, apesar de que sempre que a palavra "lobisomem" era citada, alguém queria me expulsar do lugar ou me bater. Vi então que tinha o caso da minha vida em mãos. Iria atrás do maníaco, deixando tudo pra trás.

E aqui estou eu, indo para o nosso vizinho Belize, lugar para onde o rastro do maluco aponta. O ano começa com tudo e convido a todos a embarcarem comigo nesta viagem louca atrás do suposto lobisomem estuprador.

Não deixem de acompanhar o blog, porque postarei atualizações sempre que tiver novidades.

Vamos caçar El Lobo! 


Tags: México, investigação, começo, lobisomem, estupro









5 de julho de 2012

Fúria Lupina (E Muitos Outros Livros) Em Promoção!


Fúria Lupina está nessa super promoção! (confira a lista completa de livros aqui)

Você pode adquirir Fúria Lupina - Brasil (confira a sinopse e as resenhas) por R$20,00 e frete grátis. Entre em contato pelo e-mail alfer.medeiros@gmail.com para maiores detalhes.

A promoção é válida até o final do mês. Boa leitura!



Lobisomens por Ryohei Hase




Confira mais trabalhos do artista em http://ryoheihase.com



4 de julho de 2012

Fúria Lupina América Central - Texto da Orelha do Livro



“Estou em meio a uma zona de guerra, totalmente perdido. Meus companheiros de missão afirmam que é importante a minha presença aqui, mas não entendo o porquê. Eu só queria estar no Brasil, com minha esposa e o nosso bebê que ela leva na barriga. Dizem que sou um totem-vivo, e nem sei o que isso significa.”
Dante




“Trarei Nazaré de volta, nem que para isso tenha de matar cada homem e cada lobo da América Central. Não tenho nada a perder, agora que meu autocontrole se esfacelou. Quero a cabeça da maldita sequestradora como troféu!”
Fênix




“Tenho ao meu lado uma fêmea enlouquecida e um novato ignorante de sua real condição. Pela frente, numerosas hordas de licantropos territorialistas e sanguinários. Missões suicidas como esta são realmente desafiadoras...”
Casillas

18 de junho de 2012

Sinopses dos Livros


Este post tem a finalidade de listar as sinopses dos livros que fazem parte do projeto Fúria Lupina. Além das edições físicas, há também o spinoff Green Death, e-book gratuito com participação de vários autores:










Sinopse do Livro Fúria Lupina - América Central (2012)



Em Fúria Lupina – Brasil, um ciclo de autoconhecimento, revelações e conflitos foi encerrado. Agora, uma nova etapa tem início, envolvendo disputa de território, vingança e traição.

O sequestro de uma criança autista com grandes poderes mentais (autêntica peeira, ou fada dos lobos) dá início à missão suicida que é o fio condutor da trama de Fúria Lupina – América Central. Um trio de agentes da Alcateia Global precisa abrir caminho com unhas e dentes por território extremamente hostil dominado por lobisomens arredios e violentos, que renegam o nobre comportamento dos lobos e deixam vir à tona o pior da natureza dos homens.

Alheio a toda essa movimentação de guerra, um jovem investiga crimes de estupro supostamente cometidos por um licantropo conhecido como El Lobo, buscando na jornada de morte da fera um furo jornalístico para mudar sua vida. Ao mesmo tempo, surge uma nova geração de caçadores, mais numerosa, mais jovem, com recursos tecnológicos e bélicos aprimorados.

Prepare-se para um passeio pelo submundo do crime, em meio a prostituição, drogas e violência, onde, há décadas, licantropos poderosos e perversos se alimentam impunemente da decadência em subúrbios sujos. Essa influência nefasta, mantida com muito dinheiro e sangue, pode estar chegando ao fim.


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VEJA TAMBÉM:
- Alguns capítulos do livro
- Texto da orelha
- Imagem interna



12 de março de 2012

Sonzeira Licatrópica - Nox Arcana

Está é a música extremamente climática "Night of the Wolf", dica da Carla Curci.

Não deixe de conferir outras músicas do Nox Arcana, vale muito a pena!






10 de março de 2012

Lobisomens por Simon Bisley

Simon Bisley é bem conhecido por seus traços agressivos, principalmente em trabalhos de ilustração para Juiz Dredd, Heavy Metal e Lobo.

Abaixo, dois momentos licantrópicos do artista:


15 de fevereiro de 2012

Fúria Lupina América Central - Ilustração

Mais uma prévia gráfica do livro Fúria Lupina América Central, que será lançado em Agosto deste ano na Bienal do Livro de São Paulo! 

A ilustradora é a Carolina Mancini, a mesma que desenhou a capa do livro.

14 de fevereiro de 2012

Sonzeira Licantrópica - Twilight

Não, não é isso que você está pensando! Este Twilight é uma banda de black metal dos Estados Unidos! Confiram aí a música Lycanthropic Cult:




5 de fevereiro de 2012

Web Série Lua Perversa

Sinopse: Em uma região remota do sul do Brasil, os irmãos solteirões Jones (Petter Baiestorf) e João (Coffin Souza) vivem em pé de guerra. Mas, quando a ameaça de um lobisomem surge em plena noite de sexta-feira santa, eles precisarão deixar suas desavenças de lado para enfrentá-lo. Ou não.

Lua Perversa (série na mesma linha do curta-metragem homônimo de 2009) é um projeto de humor negro com lobisomens com participação de Petter Baiestorf e Coffin Souza, velhos conhecidos do cinema alternativo/podreira/underground nacional.

Produção, roteiro e direção: André Bozzetto Jr (http://escriturasdaluacheia.blogspot.com)
Elenco: Petter Baiestorf, Coffin Souza, Alan Cassol, Elio Copini.
Música Tema: “Mutação” (Sertão Sangrento - http://www.myspace.com/sertaosangrento)

Confira aí:

31 de janeiro de 2012

Sonzeira Licantrópica - Misfits


24 de janeiro de 2012

Capa do Livro Fúria Lupina - América Central

Confiram a capa do livro que será lançado em Agosto deste ano! A arte é da Carolina Mancini e o design do Silvio Medeiros.

Logo, logo, mais informações...

4 de janeiro de 2012

Fúria Lupina + Criaturas por R$40,00 e Frete Grátis!

Confira as sinopses das obras que fazem parte desta super promoção, resultado de mais uma parceria entre o autor Rochett Tavares e eu:


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